terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Recordações de Bucareste

Abril, mês da caça às galinhas e da iniciação dos ciganos à vida de ladroagem!
Ou então não!
Se calhar sou só eu a blasfemar um pouco este povo que afinal de contas nem é assim tão cigano quanto o pintam lá fora, nem tão desonesto quanto se poderia julgar à primeira vista, e que, apesar de desorganizado e pobre, tendo em conta o actual estado das infraestrutura e o contexto político vigente neste país, até diria que se tem "desenrascado" de forma exemplar.



Hoje falo de recordações de Bucareste!
Recordações dos meus primeiros tempos por terras da Roménia, lá para Janeiro e Fevereiro de 2010.

Uma tremenda inércia psíquica tem-me levado a adiar sistematicamente a colocação de um "post" com algumas informações relevantes, ou talvez não, sobre a capital deste "maravilhástico" país do leste, mas chega!

Já vamos a meio de Abril, a modos que por assim dizer, está na hora de falar um pouco do que até aqui se passou!



A primeira impressão:

"Dassssss... Tirem-me deste filme!!!"

Pois é, acho que foi mais ou menos isso que pensei quando pela primeira em Janeiro vez circulei pelas ruas caóticas e ruidosas daquela efervescente colmeia pejada de romenos cada um mais esquisito do que o outro!



A primeira impressão deixou mesmo muito a desejar, o que nem é mau, pois daí para a frente as coisas só podiam melhorar!



E assim foi!
A pouco e pouco acabamos por nos habituar às pessoas, aos cheiros, aos ruídos, até mesmo à maneira de ser, e a aculturação acaba por acontecer de forma fluída e suave, quase imperceptível, e quando damos por ela, aqui estamos nós, perfeitamente enquadrados num ambiente que à partida tinha tudo para ser desastroso.



A antipatia dos funcionários dos serviços, os sem abrigo, os indigentes com empregos de ocasião, sejam eles a vender taludas da lotaria, meias, pequenos ramos de flores ou a prestar serviços essenciais, como andar com uma balança atrás para que as pessoas se possam pesar na rua entram na nossa rotina e nem mesmo os cães que despontam que nem ervas daninhas em cada esquina constituem já motivo de espanto ou de surpresa para nós.



Mas para não cansar, porque aqui por estas bandas às vezes dá-me para começar a desbobinar k7s inteiras de conversa fiada que não interessa nem ao Menino Jesus, vou é encher este post de fotografias!

Fotografias das pessoas, das ruas, da neve, fotografias que, melhor que palavras, serão capazes de ilustrar aquilo que é realmente a vida quotidiana em Bucareste.



Neve em Bucareste:

Com uma eficiência superior ao mais poderoso desodorizante existente no mercado a actuar no sovacão mais indescritívelmente malcheiroso do planeta, a neve actua como um "desodorizante visual" que limpa, desinfecta e oculta imagem medonha que eu tinha de Bucareste!

A cidade toda coberta de branco fica qualquer coisa!



Fantástico, é como pegar num sem-abrigo, dar-lhe um banho, fazer-lhe a barba, enfiar-lhe um fato, despejar-lhe meio frasco de perfume para cima e atira-lo para um jantar de gala do jet7 lusitano!



Ninguém ia notar a diferença, mas no dia a seguir o sem-abrigo voltaria a ser o sem-abrigo, apesar da máscara que vestira na véspera!
Com a neve passa-se exactamente o mesmo!
Hoje andamos radiantes com esta capa que Bucareste vestiu, mas a verdade é que Bucareste não mudou, por baixo, no seu substrato, continua a mesma cidade de sempre!










O Ateneul Român:

E porque o Inov Contacto não está só relacionado com trabalho (coff, coff...), também há que dar aquele toque semi-intelectualóide de alguém que se interessa pelas artes e pela cultura!

Nesse sentido, fiz umas visitinhas a uma casa de cultura bem interessante, o Atheneum!



O Atheneum ficava situado mesmo ao pé da nossa casa, nas proximidades de uma zona mais rica, onde haviam uma série de restaurantes e de edifícios bem simpáticos.



Um edifício monumental onde pela módica quantia de 4 € se podem ver espectáculos, recitais, concertos, sei lá...



Ainda lá fomos uma vez ver um recital de música clássica, e, apesar da aparência sumptuosa e luxuosa da sala, a verdade é que em termos de conforto, as cadeiras e a acústica deixavam um pouco a desejar.

Aparte isso, o edifício é absolutamente fantástico, com uma arquitectura imponente e extremamente rica, cheia de elementos em mármore, que lhe dão uma elegância e uma classe como não tenho visto muitas vezes em terras de Portugal.



É um edifício que definitivamente vale a pena visitar!

Bom, acho que talvez se venha a justificar fazer mais um post com recordações, porque verdade seja dita, não couberam aqui tantas recordações quanto isso...

Hasta la escrita a todos!

1 comentário:

  1. És um grande escritor e fazes fotografias muito boas. És profissional da comunicação social?

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